quinta-feira, abril 07, 2005
PELA ÚLTIMA VEZ
por Adalberto Silva
O artifício é bem desgastado, mas escritores aspirantes de meia-tigela como eu insistem em culpar a falta de inspiração pela ausência de produção literária. Ignoramos os noticiários, as conversas banais de todo dia, a morte do Papa, a morte do príncipe Rainier, o Fla-Flu da semana passada, os sons que nos rodeiam, as musas eternas (Alessandra Negrini, pensei em ti), as musas descartáveis (na capa da Playboy deste mês), as musas de carne e osso. Preferimos acreditar que escrever é um ato milagroso, que as idéias nos são ditadas por um duende prestativo chamado Inspiração, amigo apenas dos talentosos e dedicados. Só não perguntamos como fazer para ganhar a amizade do ser encantado.
Enquanto isso, deixamos de aguçar a visão e continuamos míopes, incapazes de tirar boas histórias de cenários a princípio estéreis. Perde-se tempo com isso. No futuro, ganha-se frustração.
Não quero mais sentar para escrever e ficar olhando o vai-e-vem do cursor na tela ainda virgem, enquanto espero o duende Inspiração encher a página do Word com um texto de 5874 caracteres irretocáveis e sem cobrar nada por isso. Pela última vez, e aqui arrisco-me a fazer promessa, dou espaço à falta de inspiração. Seja no template deste obscuro blog, seja na esfera da minha vidinha banal.
por Adalberto Silva
O artifício é bem desgastado, mas escritores aspirantes de meia-tigela como eu insistem em culpar a falta de inspiração pela ausência de produção literária. Ignoramos os noticiários, as conversas banais de todo dia, a morte do Papa, a morte do príncipe Rainier, o Fla-Flu da semana passada, os sons que nos rodeiam, as musas eternas (Alessandra Negrini, pensei em ti), as musas descartáveis (na capa da Playboy deste mês), as musas de carne e osso. Preferimos acreditar que escrever é um ato milagroso, que as idéias nos são ditadas por um duende prestativo chamado Inspiração, amigo apenas dos talentosos e dedicados. Só não perguntamos como fazer para ganhar a amizade do ser encantado.
Enquanto isso, deixamos de aguçar a visão e continuamos míopes, incapazes de tirar boas histórias de cenários a princípio estéreis. Perde-se tempo com isso. No futuro, ganha-se frustração.
Não quero mais sentar para escrever e ficar olhando o vai-e-vem do cursor na tela ainda virgem, enquanto espero o duende Inspiração encher a página do Word com um texto de 5874 caracteres irretocáveis e sem cobrar nada por isso. Pela última vez, e aqui arrisco-me a fazer promessa, dou espaço à falta de inspiração. Seja no template deste obscuro blog, seja na esfera da minha vidinha banal.
12:38 AM