sexta-feira, abril 16, 2004
TORNOZELO TORCIDO
por Adalberto Silva
Se há um fundamento do futebol que me fascina é o chute de três dedos, conhecido também por trivela. Para os leigos no sublime esporte (respeito-os, mas não muito), trata-se do chute disparado com os três primeiros dedos do pé, contando a partir do mindinho. O movimento da perna faz com que a bola gire em torno do próprio eixo e descreva uma curva ao longo da trajetória. Leigos, vejam o gol do Branco na semifinal da Copa de 94, contra a seleção holandesa, e saberão o que é uma autêntica trivela.
Amante incorrigível do futebol, eu caio de joelhos por uma jogada bonita, seja um drible do elástico (como os do Rivellino), um lençol, um cabeceio certeiro contra o gol e até um desarme preciso, sem falta. Às vezes, terminada a partida do time do qual sou fã, saio satisfeito pelo lance esplêndido e nem me lembro do placar desfavorável.
Mas nada como uma trivela bem dada. Não falo do petardo devastador e sim do passe colocado, da bola lançada de 30 metros de distância a cair como pluma no peito do atacante. É uma verdadeira obra de arte, e como tal, só pode ser executada pelos melhores do ofício. Trivela não é para perna de pau.
Ignorei este corolário e fui me engraçar a chutar de três dedos. Eu estava na beira de um campo, atrás do gol, observando a pelada que corria. De repente a bola veio linha de fundo afora, forte e rasteira em minha direção. Pensei em bater de chapa, mas fui esnobe e meti uma trivela de primeira. Só que o chute saiu mascado, meio de peito de pé, e acabei machucado. Na hora, pulei de dor e xinguei o mundo, amaldiçoei a política econômica do Palocci, a jornalista rameira que não me quis, os mercenários do meu Fluminense. Daquele dia em diante me tornei dependente de Gelol.
Aprendi a lição e agora só faço o que realmente sei, embora ande a transgredir as normas gramaticais aqui no Tamarindo.
por Adalberto Silva
Se há um fundamento do futebol que me fascina é o chute de três dedos, conhecido também por trivela. Para os leigos no sublime esporte (respeito-os, mas não muito), trata-se do chute disparado com os três primeiros dedos do pé, contando a partir do mindinho. O movimento da perna faz com que a bola gire em torno do próprio eixo e descreva uma curva ao longo da trajetória. Leigos, vejam o gol do Branco na semifinal da Copa de 94, contra a seleção holandesa, e saberão o que é uma autêntica trivela.
Amante incorrigível do futebol, eu caio de joelhos por uma jogada bonita, seja um drible do elástico (como os do Rivellino), um lençol, um cabeceio certeiro contra o gol e até um desarme preciso, sem falta. Às vezes, terminada a partida do time do qual sou fã, saio satisfeito pelo lance esplêndido e nem me lembro do placar desfavorável.
Mas nada como uma trivela bem dada. Não falo do petardo devastador e sim do passe colocado, da bola lançada de 30 metros de distância a cair como pluma no peito do atacante. É uma verdadeira obra de arte, e como tal, só pode ser executada pelos melhores do ofício. Trivela não é para perna de pau.
Ignorei este corolário e fui me engraçar a chutar de três dedos. Eu estava na beira de um campo, atrás do gol, observando a pelada que corria. De repente a bola veio linha de fundo afora, forte e rasteira em minha direção. Pensei em bater de chapa, mas fui esnobe e meti uma trivela de primeira. Só que o chute saiu mascado, meio de peito de pé, e acabei machucado. Na hora, pulei de dor e xinguei o mundo, amaldiçoei a política econômica do Palocci, a jornalista rameira que não me quis, os mercenários do meu Fluminense. Daquele dia em diante me tornei dependente de Gelol.
Aprendi a lição e agora só faço o que realmente sei, embora ande a transgredir as normas gramaticais aqui no Tamarindo.
10:59 PM