terça-feira, abril 27, 2004

PROSA RUIM
por João do Papel

Muitas pessoas até acreditaram que o Adalberto Silva tinha trocado a senha do blog. Fazem parte de uma corja imunda. Durante uma semana ausentei-me das terras capixabas para fazer um frila, coisa boba, ir à Bahia, aturar os baianos, conversar com turistas avermelhados e trazer 10 mil caracteres publicáveis. Mas não abandonem as esperanças de se ver livre de mim. Tenho mesmo tido impulsos de entregar este espaço para um escritor mais talentoso. Em verdade, isso acontecia somente quando sentava para escrever; agora esse pensamento derrotista me persegue em cada lugar que vou. Não que eu seja um caso perdido. Mas a falta de assunto não faz com alguns escritores o que fez com Rubem Braga. Para falar a verdade, máxima verdade (e de saco cheio), sou um impostor, uma cabeça oca e um estilo fraco, caldo de galinha de granja, amor de pouco falar. Está aqui dentro, um pêndulo, grande e irritado, como um nervo desfibrilado, adejando na minha alma, trazendo sentimentos inuteis de volta para o picadeiro. Nada mais, são inúteis. Cada vez que tento explicar, ou melhor, cada vez que perco tempo fingindo ser quem não sou -- triste constatação -- acabo ficando mais longe do sonho de criança, ser escritor de méritos próprios. Mas que venha a boa nova, que eu renasça mais uma vez.
9:39 PM
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