sexta-feira, março 19, 2004
PÔVO BRASILEIRO
por João do Papel
Hoje vi, na agência dos Correios, um cartaz da Tele Sena. Debaixo do título havia uma patota de gente comum, gente de bairro, e abaixo a legenda: "fotos reais dos vencedores". Nem precisava dizer. Gente comum tem cara de gente comum; e que cara formidável. São os personagens da novela que Dias Gomes não escreveu, ou que sim, escreveu e é uma dessas maravilhosas, cheias de personagens, lirismo, malandragem, etc.
Falando do Gomes, um de meus maiores heróis, exponho aqui uma dúvida. A Academia Brasileira de Letras é a casa de Machado de Assis, outro gênio popular, homem que gostava de se relacionar com gente -- e tinha nisso sucesso. Mas, agora, essa casa funciona arrendada para quem? José Sarney, imortal, quem é José Sarney no jogo do bicho? Uma alma caridosa, sem dúvida -- vide o incidente nos seis metros que viraram três, no Senado. "Desempregado tenta se matar e se dá bem", foi a manchete do jornal popular. Genial.
Dias Gomes era um dos maiores do mundo naquilo que fez. Só isso bastaria para credenciá-lo sócio de qualquer clube. Até para a Academia. Mas parece que a ABL tornou-se uma empresa dessas de telemarketing e tudo, que manda para a casa dos escritores um mailing com as últimas novidades, uma ficha para se inscrever à cadeira do imortal de saúde mais frágil e um brinde vez ou outra. Um negócio, frio e engenhoso. Espero receber alguma coisa em breve. Aqueles impressos que chegam pelo correio com um vistoso "Prezado Fulano" (fulano é seu nome, ou a tentativa dele -- o amigo Rimaldo recebe prezados reinventando seu nome, Rinalo, Simaldo, Penado, com muita freqüencia); é a famigerada "customização". Assim a grande força fala com o povo brasileiro. Mas tá bom, chega de falar. Você quer a moral da crônica? Não que houvesse, mas cheguei até alguma: "os imortais da ABL fazem parte do povo brasileiro". E você?
por João do Papel
Hoje vi, na agência dos Correios, um cartaz da Tele Sena. Debaixo do título havia uma patota de gente comum, gente de bairro, e abaixo a legenda: "fotos reais dos vencedores". Nem precisava dizer. Gente comum tem cara de gente comum; e que cara formidável. São os personagens da novela que Dias Gomes não escreveu, ou que sim, escreveu e é uma dessas maravilhosas, cheias de personagens, lirismo, malandragem, etc.
Falando do Gomes, um de meus maiores heróis, exponho aqui uma dúvida. A Academia Brasileira de Letras é a casa de Machado de Assis, outro gênio popular, homem que gostava de se relacionar com gente -- e tinha nisso sucesso. Mas, agora, essa casa funciona arrendada para quem? José Sarney, imortal, quem é José Sarney no jogo do bicho? Uma alma caridosa, sem dúvida -- vide o incidente nos seis metros que viraram três, no Senado. "Desempregado tenta se matar e se dá bem", foi a manchete do jornal popular. Genial.
Dias Gomes era um dos maiores do mundo naquilo que fez. Só isso bastaria para credenciá-lo sócio de qualquer clube. Até para a Academia. Mas parece que a ABL tornou-se uma empresa dessas de telemarketing e tudo, que manda para a casa dos escritores um mailing com as últimas novidades, uma ficha para se inscrever à cadeira do imortal de saúde mais frágil e um brinde vez ou outra. Um negócio, frio e engenhoso. Espero receber alguma coisa em breve. Aqueles impressos que chegam pelo correio com um vistoso "Prezado Fulano" (fulano é seu nome, ou a tentativa dele -- o amigo Rimaldo recebe prezados reinventando seu nome, Rinalo, Simaldo, Penado, com muita freqüencia); é a famigerada "customização". Assim a grande força fala com o povo brasileiro. Mas tá bom, chega de falar. Você quer a moral da crônica? Não que houvesse, mas cheguei até alguma: "os imortais da ABL fazem parte do povo brasileiro". E você?
12:11 PM