sexta-feira, março 26, 2004
O PEQUENO PILOTO
por Adalberto Silva
Com a boca seca por causa de ressaca de sono, espírito meio baqueado depois de peregrinar por três agências bancárias, vou ao computador batucar modestas palavras. Mal abro o word e corro em direção à janela, atraído pelo ruído rasante de um helicóptero militar, verde, imponente. Fico olhando pro céu durante uns cinco minutos, em busca de nova aparição da aeronave. Enquanto isso, lembro dos tempos de criancice, da época em que eu sonhava ser aviador.
Moleque comportado e estudioso, que nunca se imaginou jornalista, colecionava álbuns de figurinhas de aviões e lia, lia muito sobre o tema.
O guri cresceu um pouquinho, passou a reparar nas pernas das coleguinhas de classe, conheceu o rock’n’roll, mas não deixou de querer ultrapassar a barreira do som, cortar as nuvens a bordo de um Tucano da esquadrilha da fumaça. Dos filmes da sessão da tarde, adorava O Pequeno Príncipe, principalmente a cena em que o protagonista pilotava cantando antes de cair no deserto. Mas para os amigos, só falava de Águia de Aço e Top Gun, Trovão Azul e Águia de Fogo.
Um dia alguém lhe falou que pilotos não podem usar óculos de grau. O garoto míope, que já começava a deixar de lado seus bonecos dos Comando Em Ação, desistiu da Academia da Força Aérea. Sai de cena o pequeno aviador.
De vez em quando ele aparece por aqui. Vívido, saltitante, doido para vestir um macacão, colocar o capacete com seu apelido (Mustang, Gigante, Ulisses? Ulisses, é melhor!) escrito em fonte cursiva, entrar na cabine do supersônico e voar, voar, voar.
por Adalberto Silva
Com a boca seca por causa de ressaca de sono, espírito meio baqueado depois de peregrinar por três agências bancárias, vou ao computador batucar modestas palavras. Mal abro o word e corro em direção à janela, atraído pelo ruído rasante de um helicóptero militar, verde, imponente. Fico olhando pro céu durante uns cinco minutos, em busca de nova aparição da aeronave. Enquanto isso, lembro dos tempos de criancice, da época em que eu sonhava ser aviador.
Moleque comportado e estudioso, que nunca se imaginou jornalista, colecionava álbuns de figurinhas de aviões e lia, lia muito sobre o tema.
O guri cresceu um pouquinho, passou a reparar nas pernas das coleguinhas de classe, conheceu o rock’n’roll, mas não deixou de querer ultrapassar a barreira do som, cortar as nuvens a bordo de um Tucano da esquadrilha da fumaça. Dos filmes da sessão da tarde, adorava O Pequeno Príncipe, principalmente a cena em que o protagonista pilotava cantando antes de cair no deserto. Mas para os amigos, só falava de Águia de Aço e Top Gun, Trovão Azul e Águia de Fogo.
Um dia alguém lhe falou que pilotos não podem usar óculos de grau. O garoto míope, que já começava a deixar de lado seus bonecos dos Comando Em Ação, desistiu da Academia da Força Aérea. Sai de cena o pequeno aviador.
De vez em quando ele aparece por aqui. Vívido, saltitante, doido para vestir um macacão, colocar o capacete com seu apelido (Mustang, Gigante, Ulisses? Ulisses, é melhor!) escrito em fonte cursiva, entrar na cabine do supersônico e voar, voar, voar.
11:22 AM