quarta-feira, março 24, 2004

CHAME O PINEL
por Adalberto Silva

Um dos destaques no noticiário da semana passada foi a prisão do biltre Sérgio Naya. Na hora em que um dos telejornais mostrava o fato, minha mãe, indignada com as façanhas do velhaco e ávida por compreender a mente criminosa de Naya, concluiu que ele não passa de um sem-vergonha. Opinião eloqüente, vide o currículo do meliante, mas sem qualquer fundamento, bradou minha mente cientificista, gerada em intermináveis leituras do Manual do Escoteiro dos Sobrinhos do Pato Donald e experimentos com um kit de química comprado nas lojas Americanas.

Meu gênio iluminista descobriu (não pergunte-me como, por favor) que Sérgio Naya, José inocêncio, a fraudadora do INSS cujo nome não me ocorre agora, Nicolau Lalau e seus pares são portadores de uma nova patologia, cujo principal sintoma é a compulsão por falcatruas, robalheiras, corrupção (ativa e/ou passiva, depende do grau da moléstia), na maioria das vezes envolvendo verbas públicas.

Os portadores da XXXXpatia (o nome da doença será escolhido em um concurso) roubam por prazer, e não para satisfazer as necessidades materiais. A prova disso é que todos eles, sem exceção, continuam nas atividades fraudulentas mesmo depois de conquistarem fortunas. O maior prazer do XXXXpata é organizar operações complicadíssimas para burlar o fisco, superfaturar licitações, sair milionário de processos de falência, entre outras tramóias.

No início dos estudos sobre o assunto, pensei que a XXXXpatia fosse uma moléstia adquirida. Desconfiei, inclusive, que o mal só acometesse bacharéis em Direito. Mais tarde vi que estava errado, porque as biografias dos corruptos estudados (não foram poucos) mostram que eles já era afeitos a falcatruas bem antes de largarem os cueiros. Sérgio Naya, por exemplo, era especialista em vender falsas rifas aos sete anos de idade. Dizem que até um conhecido malandro da Lapa, criador de golpes fantásticos, caiu na lábia do garoto.

É mais provável que a XXXXpatia seja uma doença congênita, como a psicopatia. E sem cura, porque não há caso de corrupto recuperado após tirar uma (sempre pequena) cadeia ou ter os bens (na verdade um décimo do total) bloqueados. Depois de diagnosticada a doença, o único tratamento recomendado é o isolamento do paciente em um manicômio. Sem direito a habeas corpus.

12:29 AM
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