terça-feira, março 30, 2004

CARTA QUE NUNCA FOI ENVIADA
por João do Papel


Encontrei esta carta vadiando na mais remota esquina do meu HD. O arquivo é de 2000, e nem eu sei muito bem sobre o que é.

Oi menina,

A vida é chata com algumas pessoas. Pode ter certeza de que falo sério, meio sério. Mas minha vontade agora é cantar, louvar-lhe em versos justos, justíssimos, mostrar a admiração que tenho.

Sempre que faço, lembro de sua presença com uma ternura incontrolável. Somos lindos amigos, miseráveis no coração, sofridos assim por vontade própria (você mais que eu, devo admitir). Entendo sua melancolia, por isso acabo adotando a tristeza.

Meu carinho por você é confortável, me faz homem grande com frio na barriga. Faz achar que estou apaixonado por você, veja só. Pensei bastante sobre tudo, sobre toda a situação. Achei resposta: não sei ao certo o que é, mas não é simples.

Sinto vontade de estar em uma sala perfumada, vazia a não ser por você e seus braços. Lá estaria, pensando em minha vida, na vida dos outros, na vida das plantas, teria paz para pensar na vida das rochas milenares, entenderia tudo, inclusive o moço por quem suspiras.

Não, não estou apaixonado por você. Não quero seu corpo, não quero seus beijos, apenas seu colo. Quero você ao meu lado. Quero que você me ame, porque te amo. E porque estou confuso.

Agora pense nisso, acenda um cigarro e escreva uma resposta.

Sinceramente seu,

M.
12:20 AM
(0) comments

Site Meter